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EXCLUSIVO: Gestão de Josinha Cunha é acusada de ter fraudados dados do IBGE em Zé Doca; PF deve investigar o caso

Mais um escândalo envolvendo a gestão de Josinha Cunha em Zé Doca. Desta vez, a secretária de Educação do município, Sonia Maria Silva Lima, está sendo acusada de liderar um possível esquema criminoso para fraudar o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo do esquema era aumentar a população do município, o que geraria um aumento no repasse de recursos do Fundo de Participação do Município (FPM), além de outras vantagens

Segundo informações obtidas com exclusividade pela Folha do Maranhão, a Secretária teria criado um grupo de WhatsApp com 12 pessoas, na maioria servidores contratados do município, para executar a fraude. Os operadores do esquema ligavam para o IBGE se passando pelos responsáveis das famílias e informavam dados falsos de pessoas que não foram recenseadas.

Uma pessoa chegou a fazer 90 ligações em um único dia com protocolos do IBGE de famílias informadas no Censo Demográfico. O grupo utilizava vários celulares para dificultar a descoberta do esquema criminoso.

A Folha do Maranhão teve acesso a diversos áudios de um grupo de WhatsApp, uma relação com o nome do responsável pelas famílias usadas na fraude e uma relação com os números dos protocolos gerados pelas ligações feitas ao IBGE.

Em um dos áudios, uma das pessoas que foram designadas para realização as ligações afirma que está com dificuldade na realização do serviço, pois toda hora a ligação estava caindo. “Hoje tá um pouco mais complicado que ontem. Ontem, foi melhor! Ontem, eu conseguir fazer 60 ligações, e hoje eu tô com 30 [ligações], terminei agorinha essas 30”, afirma a mulher.

Em outro áudio, uma das pessoas demostra preocupação durante suas ligações, pois todas as vezes que estava ligando, a ligação era direcionada para a mesma atendente do IBGE. “Menina eu liguei aqui umas cinco vezes, todas com fichas diferentes, pois caiu tudinho na mesma atendente, na mesma mulher. Temos que ter cuidado, pois eles são treinados, eles testam a gente de todo o jeito”, disse.

Para comprovar que estariam realizando as ligações e encontrando dificuldades no atendimento, uma terceira pessoa chegou a gravar um dos diálogos como comprovação. “Eu tô ligando dessa vez, e aí eu não vou ligar mais, porque acho que a gente não tem obrigação de tá ligando para vocês. A obrigação é vocês passarem na casa da gente, não da gente tá indo atrás. Aí fica complicado, pois a ligação cai e temos que largar os fazeres para ficar ligando”, disse a mulher a atendente do IBGE.

Em áudio atribuído a própria secretaria de Educação, Sonia Maria Silva Lima, é demonstrado uma preocupação com as mulheres que estão realizando a ligação, pois as mesmas estavam focadas em gerar o número de protocolos. “Eu não sei como passaram para vocês, eu tô vendo uma importância muito grande de vocês em gerar número de protocolos. Se essas pessoas já foram recenseadas, não adianta protocolo. É bom que a gente acompanhe direito isso aí. Se pedirem dados, se fazem de desentendida”, afirma o áudio.

Segundo informações obtidas pelo site Folha do Maranhão, as central montada para realizar as ligações funcionava dentro de uma sala na Secretaria Municipal de Saúde de Zé Doca. Cada atendente ficava com até 4 celulares, assim como revela um dos áudios.

Se comprovada, a fraude constitui em uma série de crimes, incluindo o crime de improbidade administrativa, pois pode ter provocado um aumento da população do município de Zé Doca, caracterizando o crime de prejuízo ao erário. Além disso, os operadores do esquema cometeram o crime de falsa identidade, já que se passavam pelos responsáveis pelas famílias. Também foi cometido o crime de falsidade ideológica, já que os operadores informavam dados falsos das famílias, visando obter vantagem financeira para o município. Por fim, a possível ação da Secretária constitui o crime de organização criminosa, pois agiram de forma organizada ao criar o grupo de WhatsApp para orientarem os operadores a repassarem informações falsas.

A Folha do Maranhão entrou em contato com a secretaria de Educação do município, Sonia Maria Silva Lima, que disse estar espantada, pois qualquer leigo sabe que é impossível fraudar os dados do IBGE, pois eles não aceitam dados falsos, eles verificam em in loco, ou seja, vão ao local.

Sonia afirmou ainda que, eles disponibilizaram um número para que fosse informado as residências não recenseadas, porém essas ligações por si só não são suficientes, eles recebem a informação, mas fazem a visita. E finalizou reforçando que não há como se passar os dados falsos.

Após conceder essa resposta, a Sonia Lima retornou o contato e afirmou que isso seria uma calúnia, que passava de uma acusação sem provas. E caso a matéria fosse postada ela iria leva à Justiça.

A Folha do Maranhão informou a secretária sobre as provas, e após isso a conversa foi encerrada.

A fraude no sistema do IBGE representa um crime federal que deverá investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por intermédio da Polícia Federal.

Veja a lista com os nomes das pessoas e os números de protocolos

Alguns áudios da denúncia

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