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PF faz operação contra o Podemos após site Folha do Maranhão revelar candidatura laranja de Brenda Carvalho em São Luís

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (14), a Operação Malversador, que tem como objetivo desarticular um esquema criminoso de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas fictícias nas eleições municipais de 2024, em São Luís. A investigação teve início após a divulgação de uma série de reportagens do site Folha do Maranhão, que revelou o caso de uma candidata do partido Podemos que recebeu R$ 300 mil do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e obteve apenas 18 votos nas urnas.

Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, com autorização da Justiça Eleitoral. Os alvos da operação são pessoas físicas e jurídicas suspeitas de integrar uma organização criminosa que fraudava documentos para justificar gastos fictícios, criando uma aparência de campanha eleitoral legítima. A Justiça também determinou a suspensão das funções partidárias do principal investigado, Fábio Macedo Filho, que é filho do deputado federal Fábio Macedo e atua como presidente do diretório municipal do partido em São Luís. Além disso, foi autorizado o compartilhamento das provas com ações de investigação judicial eleitoral (AIJEs), que podem levar à cassação de mandatos de vereadores eleitos.

De acordo com a Polícia Federal, foram usados contratos forjados, notas fiscais superfaturadas e empresas de fachada para movimentar mais de R$ 1 milhão em recursos públicos. Entre os indícios colhidos está a confecção fraudulenta de 1 milhão de santinhos, 50 mil bottons e 300 adesivos perfurados para veículos — todos ligados à candidata Brenda Carvalho, apontada como “laranja”. O material teria sido contratado com a empresa KM Produções e Eventos LTDA, localizada em um apartamento no bairro Olho d’Água, e que possui capital social de apenas R$ 5 mil.

CASO BRENDA CARVALHO

A operação teve como foco principal o caso da candidata Brenda Carvalho, revelado com exclusividade pela Folha do Maranhão em uma série de reportagens desde outubro do ano passado. Na ocasião, o portal mostrou que Brenda, filiada ao Podemos, recebeu R$ 300 mil do Fundo Eleitoral, mas terminou a eleição com apenas 18 votos, o que representa um gasto médio de mais de R$ 16 mil por voto.

A desproporcionalidade dos números chamou a atenção das autoridades e levou à abertura da investigação. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidata utilizou R$ 153 mil apenas em materiais gráficos produzidos pela KM Produções. A empresa também foi contratada por outros candidatos do Podemos e até pela direção municipal do partido, movimentando, ao todo, R$ 1,4 milhão apenas nas eleições de 2024.

A prestação de contas de Brenda confirmou gastos com serviços jurídicos no valor de R$ 50 mil e contabilidade de R$ 30 mil. Além disso, foram destinados R$ 37 mil à empresa Sapere Consultoria Ltda., pela locação de equipamentos e mobilização de militância — mesmo que, na prática, os resultados nas ruas e nas urnas tenham sido praticamente nulos.

Com os indícios de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato eleitoral e organização criminosa, a Justiça Eleitoral deve avaliar as provas colhidas para decidir sobre possíveis sanções, incluindo a cassação dos três vereadores eleitos pela chapa do partido.

Desde o ano passado, o site Folha do Maranhão vem publicando uma série de matérias que demonstraram a fragilidade das candidaturas de alguns nomes do Podemos, principalmente de Brenda Carvalho. Além do número inexpressivo de votos, a Folha revelou a contratação de uma produtora de eventos com histórico duvidoso — a KM Produções, responsável por serviços gráficos e eventos políticos — que foi alvo da operação.

Após a repercussão da matéria na qual a Folha do Maranhão revelou o depoimento de Brenda Carvalho à Polícia Federal, onde ela teria confirmado aos agentes que não fez campanha, Brenda admitiu, em vídeo, que não realizou campanha nem pediu votos nas eleições de 2024, apesar de ter recebido R$ 300 mil do Fundo Eleitoral.

No vídeo, Brenda declarou que não teve autonomia sobre os recursos e que todo o dinheiro depositado em sua conta foi repassado conforme orientações do presidente municipal do partido. Segundo ela, os valores foram direcionados para fornecedores indicados pela própria sigla, sem que ela tivesse qualquer controle efetivo.

Apesar das suspeitas de candidatura laranja, Brenda negou ter participado de qualquer esquema e questionou as acusações. Disse que, se tivesse a intenção de fraudar, teria forjado um número maior de votos. “Acham que sou burra? Pegar R$ 300 mil que não é meu e gastar aleatoriamente?”, questionou no vídeo.

Ela também afirmou que levou uma vida normal durante o período eleitoral, sem se envolver em atividades de campanha. “Eu não fiz campanha, não pedi voto. Se alguém disser que pedi, está mentindo”, afirmou.

Por fim, a candidata criticou a falta de investigação sobre os verdadeiros destinatários do dinheiro e sugeriu que o foco das apurações deveria recair sobre os dirigentes partidários e fornecedores contratados com recursos públicos.

A operação da Polícia Federal acontece às vésperas de uma audiência no caso do Podemos, movida por meio de uma AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral), protocolada pelo suplente de vereador Mateus do Beiju, do PL, que denunciou o caso. Caso seja confirmada a fraude na cota de gênero, a Justiça Eleitoral poderá determinar a cassação da chapa do Podemos, resultando na perda de mandato de três vereadores eleitos pelo partido. São eles: Wendell Martins, Fábio Macedo Filho e Raimundo Júnior.

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Veja as fotos da operação

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