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Padre Marco Passerini, rejeita prêmio do governo do Maranhão após ação da PM contra indígenas

Por causa do episódio envolvendo a tortura e prisão dos índios gamelas no Maranhão, o padre Marco Passerini renunciou o prêmio Magno Cruz de Direitos Humanos concedido pelo Governo do Maranhão.

Em carta enviada a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), o padre agradeceu o reconhecimento, mas disse que diante das ações truculentas da Polícia Militar do Maranhão desrespeitando etnias e territórios não pode aceitar o prêmio.

Reconheceu o trabalho Sedihpop, mas criticou outras instituições governamentais e empresariais, e encerrou dizendo que não é possível uma secretária promover e defender os Direitos Humanos no varejo, enquanto outras secretarias do mesmo governo persistem em violenta-los.

Veja a carta na íntegra

Prezadas (os).

Há poucos dias manifestei minhas surpresa e gratidão pela outorga do Prêmio Magno Cruz de Direito Humanos 2021 à minha pessoa. Esse reconhecimento seria uma oportunidade para me reconectar com as lutas de ontem e de hoje, de cidadãos e cidadãs, grupos, movimentos e etnias do Maranhão que continuam persistindo na construção de uma sociedade justa, sustentável e pacífica.

Não seria um reconhecimento pessoal, mas um memorial de tantos companheiros e companheiras de caminhada. Pessoas que têm nome e sobrenome, alguns ainda vivas resistentes e resilientes, outras que nos deixaram fisicamente e outra, enfim, que acabaram fazendo escolhas duvidosas. Como no passado, ainda hoje, a minha história é escrita no plural.

Em que pese tudo isso, diante das informações amplamente veiculadas pela imprensa e redes sociais que dão conta de ações truculentas da PM do MA desrespeita etnias e territórios, sem querer emitir julgamento apressados e não plenamente objetivos, em nome da minha consciência ética e cristã, não e não posso aceita o referido Prêmio de Direitos Humanos que, nesse contexto, parece-me contradizer o seu verdadeiro escopo.

Tenho conhecimento das dificuldades e dos esforços dessa excelente Secretaria na promoção e defesa dos Direitos Humanos. Por isso, longe de mim a intenção de responsabiliza-la pelas repetidas arbitrariedades no território Acroá-Gamella. Outras instituições governamentais e empresariais têm culta no cartório. Quanto a mim, só cabe afirmar que não é possível uma secretaria promover e defende os Direitos Humanos no varejo quanto outras secretarias do mesmo Governo persistem em violenta-los.

Enfim, mesmo reiterando meu apreço e gratidão, aproveito este ensejo para aderir à nota de denúncia, ontem, por várias entidades.

Pe. Marco Passerini

Fortaleza, 19 de novembro 2021

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